Pesquisar neste blogue

sábado, 22 de janeiro de 2011

O já não novo jornalismo

          (Reportagem escrita no âmbito da cadeira Redacção Jornalística) 
  Um palco. Os panos fechados. Os actores não estão a aguardar a sua entrada em cena. A sala está vazia. O guião não existe. Nenhuma peça vai ser encenada. Possíveis histórias? Possíveis escritores? Quatro nomes: Wolfe, Talese, Mailer e Capote. Tratam-se dos principais fundadores do new journalism. Um género jornalístico que se pode ler como ficção. Ficção digna de ser representada, segundo um dos seus expoentes.
Criado na década de 60, na imprensa dos Estados Unidos, o new journalism já conta com mais de 50 anos, não se tratando assim de uma novidade nos tempos que correm. Tom Wolfe, Gay Talese, Norman Mailer e Truman Capote são os principais nomes fundadores deste género jornalístico. Misturando a narrativa jornalística com a literária, o new journalism permitiu assim que os jornalistas realizam-se o sonho de escrever um romance.
            “New journalism (ou narrative writing, que seja) quer dizer apenas escrever bem. É um texto literário que não é inventado, não é ficção, mas que é narrado como um conto, como uma sequência de um filme. É como um enredo dramático digno de ser levado aos palcos e não apenas um amontoado de factos, fácil de ser digerido” (Gay Talese, 2000). A sangue frio, a mulher do próximo, o segredo de Joe Could, The Kandy-Koluner Tangerine-fake srteamline baby são o exemplo das palavras de Gay Talese, livros com histórias não inventadas mas que são narradas como um filme, sendo assim mencionada a ficção.
 O non-fiction novel é então tão verídico como uma notícia, ou reportagem. Nos três casos são descritas histórias, acontecimentos ocorrentes no dia-a-dia, com menor ou maior importância, sendo que no jornalismo literário a história é narrada com todos os detalhes, descrevendo-se todos os pormenores envolventes no decorrer da acção retratada.
            Este género jornalístico chega a Portugal uns anos mais tarde. Ana Sofia Fonseca, Luís Pedro Cabral, Ricardo Rodrigues, Alexandra Lucas Coelho e Jorge Araújo e Paulo Moura são alguns dos jornalistas portugueses que utilizam o new journalism. Bitcho Bravo e Passaporte para o céu são dois exemplares escritos por jornalistas portugueses em jornalismo literário.
            A imprensa, no geral, viu-se então mais variada, visto que um novo género jornalístico era agora escrito pelos seus jornalistas, o new journalism, realidade que é escrita como um conto, mas que não é ficção.
O mesmo palco. Os panos continuam fechados. Os actores não estão a finalizar a sua cena. A sala continua vazia. Ninguém vai aplaudir esta realidade escrita como ficção. O guião continua a não existir. Nenhuma peça foi encenada.